terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Equilibrio

 Prolongava por horas uma dança esquisita, o tecido rodopiando como uma folha solitária na ventania, um ritmo lindo, limpo e coordenado. Era a mais pura prova que Deus existia, parado ali esperando aquele ônibus, que chegou e me deixou ali, pra sempre.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Roubei de uma amiga querida, Candice. Saudade de tu , flor de mandacaru

Meus versos são descalços,
Porque gosto da quietude das palavras.
Há muitas interferências entre pés e chão.
Há muitas interferências dentro.
Há interferências demais.
Gosto do silêncio que cala.
Gosto de palavras simples.
De palavras humanas.
Da palavra filho.
Do sentimento mãe.
Gosto de seres.
Seres e pessoas.
Pessoas, em geral, são poemas.
Poemas explodem, invadem e desaguam em forma de palavras.
Meus versos são descalços, porque são as mãos que os escrevem.
Meu coração fala pelas mãos.
Meu coração precisa falar.
Minhas mãos precisam de poesia.
Meus pés precisam pisar o chão.
Meus versos descalços versam o mundo
Pisam no chão.

adriana monteiro de barros, no livro Ponte de versos, fevereiro de 2007.

Adeus Facebook

Engraçado e até patética essa necessidade de dizer de onde vim, pra onde vou, quem sou . Nos apresentamos da maneira mais estranha, impessoal, mentirosa e vulgar, as redes sociais que o digam, hoje tomei a atitude mais deliciosa do dia ( acho que minha vida anda meio monótona ) exclui meu facebook e me livrei de uma carga negativa e falsa que libertou a minha humanidade e de certa maneira me fez querer conhecer as pessoas de outra forma, ate que enfim vou ter mais tempo pra fazer outras coisas que andavam meio que de lado, como por exemplo, voltar a escrever, uma das coisas que eu mais amo e andava negligenciando. Voltar a ler mais, conversar com gente que eu tenho vontade, fazer perguntas constrangedoras ( meu forte), e ser mais feliz invés de ficar postando fotos do que ando fazendo, quero lembranças e histórias pra contar.
Elis fala por mim o que eu não sei dizer.

Doce Mar

Era com um taça de vinho branco, que eu tentava suavizar tudo que em mim se escondia, me despia com o vinho.
Era com uma mente inquieta que procurava por uma agulha no palheiro, Deus era a agulha.
Era como se eu nunca tivesse existido, porque era isso que eu queria que fosse verdade.
Agora vou la fora sentir o frio, porque aqui dentro faz tempo que não sinto nada.

sábado, 11 de outubro de 2014

Era matuto, eu pensava que era quadrado , duro e sem amor. A vida calejou as suas mãos , esmagou os seus sonhos , ainda esmaga . Ele seguiu forte , dono do próprio destino , escravo de si mesmo , escolheu o que queria , o destino não perdoa os que não se dobram, acaba quebrando a gente no meio.
Acordou as cinco e vinte três, viu seus irmãos embarcarem e chorou, naquele dia se despediram pela primeira vez, foi o começo de tudo , tinha 5 anos e não era a primeira vez que experimentava o abandono, mas ele escolheu deitar, dormir sempre afastava os fantasmas , até hoje ajuda.
Eu tenho orgulho por batalhar pela minha felicidade em meio a tanta tristeza , eu tenho orgulho de dedicar amor e generosidade aos meus amigos e família mesmo quando só o que queria era esperar as minhas dores irem embora  , eu tenho orgulho de acordar cedo e lutar por um futuro mais digno, quando só o que eu desejava era ficar deitado.                                        Eu tenho orgulho de ter deixado tudo que era familiar e seguro para aprender a reconhecer quem são as pessoas importantes na minha caminhada por esse planeta.           Eu tenho orgulho de ser humilde e passar por cima da minha vaidade para aprender.                                  Eu tenho orgulho de estar vivo e não vai ser qualquer idiota que vai me provar o contrário , porque o problema do mundo ,é que tentam convencer a gente o tempo todo a sentir orgulho das coisas irrelevantes da vida , como um carro caro ou um iate, mas na verdade um abraço honesto vale mais que uma Ferrari .
Voltei depois de muito silêncio, hesitei em escrever o que acontecia dentro de mim. A minha vida é um passarinho num dia de chuva , um dançarino solitário , um bêbado esbravejando palavras sem sentido. Viver bem tem sido um desafio , as vezes o meu desejo de que tudo de certo é o que me mantém  de pé , escutei alguém dizer que algumas pessoas são alegres , elas até se denominariam felizes na maior parte do tempo, eu confesso que finjo acreditar, porque meu riso é alto ,  mas minha alma sempre foi triste.